quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O curioso caso de Donald Trump

Tomado como piada ao anunciar sua candidatura, houve quem comparasse Donald J. Trump aos candidatos brasileiros à presidência da República mais excêntricos e de expressão mais irrelevante.  

Ao vencer as primeiras eleições primárias, ele certamente percebeu que ainda assim não havia convencido os mais céticos sobre suas reais chances de vencer a concorrência pela nomeação à candidatura do partido republicano. Ao assumir a liderança nas pesquisas e nas apurações dos votos de cada um dos delegados do partido, uma mistura de incredulidade e apreensão tomou conta de todos os que, outrora, duvidaram que sua campanha se tratasse de algo real e planejado para vencer. Quando “Mister Trump” foi apontado pelo partido Republicano, com certo constrangimento, candidato à presidência da suprema potência econômico-militar do mundo, os progressistas, os liberais e os libertários perceberam que ele se tratava de uma ameaça real a suas ideologias.

O fato de um homem com propostas tão polêmicas ter chegado a uma posição tão proeminente deixa claro que ele não era o único a acreditar que em suas ideias extremistas jaz a solução para eventuais problemas pelos quais os Estados Unidos estejam passando. Sua eleição expõe ao mundo a mente de um grupo gigantesco de norte-americanos que pensa exatamente como seu atual presidente, ainda que não tenham, por receio, vergonha ou desinteresse, buscado manifestar suas posições ao longo da campanha política.

Concordemos ou não com suas ideias e propostas, é impossível não nos maravilharmos com o fato de que alguém inicialmente tão desacreditado, sem histórico eletivo, sem experiência na administração pública, sem padrinhos, sem o menor medo de desagradar e talvez o mais chocante: sem o apoio formal de grandes figuras de seu próprio partido, chegando, inclusive, a ter desaprovação expressa de certas figuras republicanas tradicionais como Mitt Romney e John McCain, pode sobrepujar tudo isso e se tornar presidente. Isso é algo inédito e que vai, decerto, marcar indelevelmente a história da democracia mundial.

No entanto, vencer as eleições não significaria, necessariamente, colocar em prática tudo o que foi prometido. Para um povo tão acostumado com o chamado estelionato eleitoral como é o povo brasileiro, exercido descaradamente há anos por diversos partidos e políticos, isso não seria recebido com espanto e muito menos com perplexidade por nós. Ainda que o presidente eleito tenha mantido o discurso duro durante a fase de transição, muitos levantaram teses de que o presidente que havia sido eleito seria bem diferente do presidente em exercício. A questão do muro que terminaria de ser construído na fronteira com o México e que seria, de acordo com Trump, pago pelos próprios mexicanos foi um dos pontos a ser apontado como algo que não seria executado pelo novo presidente. As questões protecionistas que viriam a intervir fortemente no mercado de ativos, bens e serviços foram outros pontos cuja efetivação foi colocada em dúvida por analistas internacionais.

Nos últimos dias, com apreensão, o mundo tem sido convidado a assistir que as primeiras medidas do novo morador-mor da Casa Branca vão ao encontro de tudo que foi prometido durante o processo eleitoral que culminou em sua vitória. Desde o discurso de posse até a determinação de impedir a entrada de cidadãos de determinados países, ainda que possuam visto de residência permanente no país (apesar do posterior recuo prático anunciado pelo Departamento de Estado), passando pela autorização para continuação da construção do infame muro e chegando à quebra de acordo com a Austrália para o recebimento de imigrantes: todas as medidas tomadas, decretos assinados, entrevistas concedidas e encontros realizados deixam claro que o tom radical - e mesmo xenófobo - da campanha se alongará por todo seu mandato.


Donald John Trump mostra que é um homem de palavra. Ainda que, neste caso, isso não signifique, necessariamente, uma qualidade louvável.

domingo, 2 de outubro de 2016

Eleições 2016

1. Que Malddad fizeram com o Raddard. A vitória do Dória em primeiro turno foi, na minha visão, um recado pungente ao PT e ao Lula. A vitória de um cara como ele NA PERIFERIA expõe todo o desgosto e desapontamento com aqueles que juravam defender e proteger o pobre mas tinham em mente apenas a perpetuação no poder.
2. Espero que todos tenham se atentado à foto do candidato a vice na chapa em que votaram. Depois não adianta espernear.
3. Mesmo tendo azulado todo o material de campanha, os candidatos a prefeito do PT não foram capazes de se desvencilhar da imagem nada agradável criada pelo partido e, ainda obrigados a bajular o Lula em suas campanhas, tomaram uma derrota vexatória para o partido.
4. O NOVO elegeu quatro vereadores pelo país. Espero que isso contribua para o início de um processo que leve a população a compreender que políticos são devem ser endeusados, cargos públicos eletivos não devem ser usados para benefício próprio dos eleitos ou para vantagens indevidas aos eleitores e, talvez o mais importante, que não existe dinheiro público.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Golpe à la Brasil

O Impeachment está perto do seu fim. Algo que parecia inimaginável está sendo liquidado. Ao assistir as falas da presidente em seu interrogatório, eu não pude deixar de perceber o quanto ela gosta de culpar os outros. A culpa é do Cunha, do Kim, do Aécio, do Lehman Brothers, minha, sua, de qualquer um, menos dela. Ao falar sobre suas decisões ela disse: "Posso ter cometido erros." Oi? Pode ter cometido? Imagina, não se flagele assim, presidente. A senhora está sendo apeada do cargo porque fez um governo incrível e nós não queremos vê-la se desgastando ao gerir o país neste período instável causado por uma crise internacional que só existe no seu mundo.
Toda essa história serviu para mostrar ao mundo como se faz um golpe. Primeiro, você cria comissões nas duas casas legislativas; gasta mais de duzentas horas debatendo e julgando o assunto; convida dezenas de pessoas além dos próprios parlamentares eleitos pelo povo para se manifestarem; acata a decisão da mais alta corte do país que impõe um rito totalmente favorável ao golpeado; permite ao golpeado espalhar a notícia do golpe para todo e qualquer veículo de imprensa internacional que se interesse pelo tema; dá direito de defesa ao golpeado em todas as etapas do golpe incluindo tempo irrestrito para se manifestar durante o interrogatório e, por fim, permite ao golpeado que leve sua comitiva para assistir ao ápice do golpe que acaba sendo finalizado, meses depois, por três quartos do Senado Federal. E o pós-golpe? Morte? Prisão? Exílio? Não: assessores, seguranças e veículos, bancados pelo Estado, para o conforto do golpeado. #aprendeTurquia

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Chegou a hora, Dilma

Dilma, chegou a hora. É triste, lamentável, decepcionante que o governo da primeira mulher eleita presidente da República termine assim. Mas não há qualquer outro culpado disso que não seja você. Estou certo de que, ainda que sua arrogância não te permita fazê-lo neste momento, um dia, você vai olhar para trás e perceber todos os desmandos que você cometeu. Eu não vou dizer que seu governo foi ruim porque ele foi, na verdade, terrível, catastrófico, medonho e apocalíptico. O Brasil perdeu muito com suas decisões impulsivas, teimosas, perdulárias e eleitoreiras; perdeu ainda mais com sua demora em reconhecê-las e corrigi-las. Seu legado poderia ter sido memorável e histórico mas tornou-se relegado ao canto da história reservado aos incompetentes e corruptos.
Alguém definiu seus discursos como sendo no formato stand up comedy. Apesar de toda a perplexidade que eles causavam, confesso que vou sentir falta das risadas que se seguiam ao choque inicial. Ninguém vai poder dizer que você não divertia seu povo. Obrigado também pelos 11 milhões de desempregados, pela perda do grau de investimento em todas as agências que importam, pelos monumentais R$ 100 Bi de deficit nas contas públicas, por ter tornado a Petrobrás a empresa mais endividada do mundo, pelas perdas bilionárias dos fundos de pensão, pelo sucateamento do Itamaraty e de nossa Política externa, pelo total, contínuo e irresponsável aparelhamento de toda e qualquer instituição pública federal, pela criminosa maquiagem de contas públicas que ajudou a nos enfiar nesse buraco, enfim... Por toda a conta que você deixa para nós pagarmos. Um agradecimento especial pelos 16% de conclusão do PAC, por ter terminado a transposição do velho chico e por ter encabeçado as reformas que o país precisava. Não teríamos conseguido nada disso sem você.
Para o bem do serviço público brasileiro, eu espero que você não se proponha mais a administrar nem mesmo o almoxarifado da unidade de saúde mais próxima da sua casa em Porto Alegre. O país que você entrega hoje, à força, está em frangalhos, longe de ver uma ascensão em curto prazo. Muito, mas muito aquém do que um dia nós sonhamos que ele pudesse ou devesse estar a esta altura. E a culpa é sua. O Brasil mostrou nas ruas que não vai sentir sua falta. Apesar de você, dos seus pelegos terroristas e do seu partido podre e corrupto terem se julgado donos desta nação e de suas instituições, amanhã será outro dia na história deste grandioso país. Espero que a justiça siga sendo feita por estas terras para que o 13 não seja sequer uma opção no dia 07 de outubro de 2018. Mas, se ainda for, o glorioso Brasil há de se lembrar de você e da instituição criminosa que você representa.

terça-feira, 22 de março de 2016

Era uma vez uma República

Antigamente, condenados, investigados ou qualquer um que quisesse fugir da justiça, geralmente procurava sair do país pela via terrestre, às vezes pelo Paraguai, e então partia para outros destinos. Aparentemente, assim procederam Cacciola, Pizzolato e outros com perigo de prisão iminente. A alma viva mais honesta desse país acaba de inaugurar uma nova rota de fuga, bem mais simples e glamourosa. Tudo que é necessário é que no poder esteja um governo incompetente, estelionatário e corrupto. Pronto para colocar a defesa de seus interesses nefastos, de seus comparsas e de seu projeto de poder à frente dos interesses do Brasil. A condução do ex-presidente Lula ao Ministério da Casa Civil lança uma mácula na História da República brasileira. É o fim da dissimulação do governo. Seus interesses estão agora escrachados, sem qualquer pudor. É a tripudiação sobre todos aqueles que, no último final de semana, realizaram a maior manifestação política da história deste país. O absurdo e a vergonha perderam a timidez. O escárnio virou protagonista.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A Guilherme Tell da economia nacional.

Hoje eu me deparei com a notícia de que a analista do banco Santander que havia enviado um informativo a alguns clientes do banco fazendo previsões ruins para a economia do Brasil caso a presidente Dilma fosse reeleita, teve uma sentença favorável confirmada em segunda instância, em um processo no qual o Banco foi condenado a pagar R$ 450 mil a título de indenização pela demissão, sob pressão de Lula, da funcionária. O que me chamou mais a atenção foi ter tido a oportunidade de reler a transcrição da fala pública do ex-presidente sobre a atitude da Srª Synara Policarpo Figueiredo: “Essa moça que falou não entende $*&¨% nenhuma de Brasil e não entende nada de governo Dilma! Manter uma mulher dessas num cargo de chefia é, sinceramente… Pode mandar embora e dar o bônus dela para mim que eu sei como é que eu falo.”. Não pude deixar de pensar que poucos compreendiam tanto de governo Dilma quanto ela. Mesmo eu, à época, acreditava ser um exagero, talvez porque não estivesse acompanhando o desenrolar das decisões econômicas ou porque acreditasse que minha indiferença à política nacional me eximiria de alguma forma de um "eventual"(já que são raros) fracasso político. Atualmente, só o que eu consigo pensar é que ela, antes injustiçada, hoje tem tudo para ser considerada uma analista formidável de economia, quiçá uma profetisa.